segunda-feira, 4 de abril de 2011

Como adquirir meu livro "E-mails para Clarice"

Na loja Silbene em campo Grande - RJ, no site da All Print editora, no site da Livraria da Travessa, entre outros.

Seguem alguns fragmentos do livro:

"Acordo no meio da noite, na verdade não dormi hora nenhuma, e procuro suprir a ausência de algo que não decifro por completo: a busca da própria coisa pela coisa-pura que simplesmente é. Isso me angustia, em parte, pois faz despencar sobre minha cabeça-aprendiz o mundo que desconheço. Essa impossibilidade diante do desconhecido, de certas revelações às quais ainda vou ser apresentado, causa certa ebulição em meu estômago.
Sou chamado pelas horas noturnas para cumprir algum tratado que não foi assinado por mim. Será que fui premiado ou...?
Ébrio, cambaleio em visões disformes que se formam no canto da cama, entre a parede e o armário. Estou só neste momento, no vazio do quadrado azulado pela cor do céu que se estende pela janela do mundo.
O que existe de comum entre o armário branco e eu?! Guardamos vulneráveis segredos internos.
Fecho os olhos. Giro no ar... Falo frases sem conexão com o trem de ontem, cujo bilhete de passagem ainda guardo no bolso da calça.
O quarto é negro, não enxergo a ponta do meu nariz. Sei que estou completo da minha matéria, no entanto meu espírito brinca de roda com outros tantos que as místicas energias astrais mergulham em meu tabuleiro de xadrez. Sou todos: Bispo, Pião, Cavalo, Torre, Rainha, Rei... Xeque-mate!"

"A minha impaciência é não chegar na frente do amanhã. É constatar que pode me restar apenas Um sopro de vida...Tenho que correr.
Arranho as paredes do banheiro enlouquecido de desejo, porque a junção dos pronomes possessivo e de tratamento me faz sentir cada coisa... Boa, louca, inusitada, confusa, dolorida! E me lanho, me mordo, me aperto, me delicio em pensamento. Desarrumo as toalhas do banheiro extasiado de delírio... E me absolvo, me permito à devassidão. E me solto, me lanço no ar feito papel picado. E me admito em intimidades Para não esquecer quem sou e o que sou. Meu espelho é interno.
Estou pronto para levar todas as broncas de Deus, pois sei que não sou perfeito, nem poderoso, nem certo, nem totalmente errado. Então venha, meu Deus! Venha me dar todos os cascudos! Venha me dizer que estou tomado por equívocos, que não devo agir assim, desregulado! Porém, saiba que a minha ação é genética e o meu descontrole não tem cura. Não há Diazepam para a minha hiper-atividade-sentimental. O que me salva é o próprio amor. É o ir ao encontro de..."

"Assim, quando percebi que estávamos perdendo o entusiasmo do primeiro encontro, deixei os medos encarcerados na saboneteira e decidi desabafar. Saí falando tudo o que pensava, tudo o que sentia, tudo o que queria, sem ordenação ou controle. Não podiam restar dúvidas sobre as minhas intenções. Mas é tão difícil entrar no trem quando as portas estão se fechando... Há de se ter um esforço redobrado.
Difícil aceitar um sentimento, que nos parece contrário ao modelo imposto como único exemplo de certo, durante anos e anos... Fácil é se esconder, fechar o cadeado, matar o abraço e dormir. Difícil ver o mundo com os próprios olhos, depois de tanto treinamento inverso. Fácil é se acovardar, forjar um sorriso, abortar a frágil sensibilidade e dizer Não, não sei! Talvez, quem sabe...
Meuvocê me ouviu atenciosamente, com uma expressão sem expressão, com um apertar de lábios sem sentido de prazer que me decepcionou. Ficou parado por longos segundos de eternidade. Após o silêncio profundo que nos atingiu, disse, meio sem jeito, meio sem cor, meio sem graça e sem encarar meu rosto, olhando para um ponto distante, que já sabia das minhas intenções desde o início, mas não tinha certeza se essas eram as suas... Rapidamente mudou de assunto. Sorriu... um pouco forçado. Misturou uma série de casos sem sentido e sem importância. Ficou mais intranqüilo. Parecia estar com dúvidas (e estava) em relação à vida... Em sua face residia o medo de se envolver numa nova descoberta de Ser. De Ser, mas não de Estar. E ficou sendo o que não era: trem fugindo da estação. Ele preferia estar com suas velhas teorias... e Estar implicava em não Ser."

3 comentários:

  1. Já tenho um livro seu e posso afirmar que é ótimo. Parabéns!!!

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  2. Oi, sou neta da saudosa Bachulma. Gostei do blog e esttou seguindo...também tenho blogs, se puder visitá-los. Vou indicar o seu por lá. www.pcnaturalmentecultural.blogspot.com e www.atelierzanutti.blogspot.com

    Abraços

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  3. O que existe de comum entre o armário branco e eu?! Guardamos vulneráveis segredos internos.

    Muito bom!! Parabéns!

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