segunda-feira, 4 de abril de 2011

E-mails para Clarice

Estou Juiz no Tribunal de Última Instância. Vou absolver os dentes com aparelhos, as orelhas furadas, A mulher que matou os peixes, o cabelo carregado de gel, o piercing na sobrancelha, a camisinha tatuada... Sou favorável à vaidade inteligente e reprodutora.
Reproduzir é talento quando se produz a si mesmo sem ferramentas mirabolantes ou milagrosas. É o saber fazer.
Reproduzir é investir no ato do abraço quando a lua não espera pela noite e não se apavora com os raios do sol. É a coragem de ousar.
Reproduzir não é só RE-produzir. Digo que reproduzir é criar o que antes não existia concretamente na falsa existência, ou seja, é dar forma, mesmo que informal, ao sopro, à poeira, ao suspirar, às Pulsações... à toda abstração sentida internamente.
Posso parecer confuso no que construo de informações, porém sou uma espécie de labirinto e não devo fugir do signo lingüístico que envolve meu nome: pronome-impessoal.
Quero que as pessoas me investiguem e me descubram aos poucos.
Sou lagarto se adaptando ao clima da vegetação.

(Do livro "E-mails para Clarice: ensaio sobre o medo de amar)

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